
Um casal cristão que foi condenado à morte por blasfêmia no Paquistão comparecerá hoje ao tribunal de Lahore para sua audiência final, após seis anos no corredor da morte. Segundo informações, o casal irá suplicar pela liberdade.
O casal cristão Shagufta Kausar e seu marido deficiente, Shafqat Emmanuel, presos desde 2014, depois de serem presos por supostamente enviar mensagens de texto blasfemas a um líder islâmico.
No entanto, seu advogado Saif ul Malook, que também representou a mãe cristã absolvida Asia Bibi, diz que as evidências contra o casal estão profundamente corrompidas.
Segundo Malook, um dos vizinhos do casal comprou um cartão SIM em nome de Shagufta e enviou mensagens ofensivas sobre o Profeta Muhammad a um imã local, a fim de acertar as contas decorrentes de uma disputa familiar; o casal nem estava de posse de um telefone no momento do incidente.
Malook também observou que os juízes nesses casos relutam em se pronunciar em favor dos acusados cristãos por temerem que sejam pessoalmente alvos de extremistas islâmicos.
Em 2011, o governador de Punjab, Salmaan Taseer, e o ministro de Assuntos Minoritários Shahbaz Bhatti foram assassinados por criticar as leis de blasfêmia e por se manifestarem em apoio a Asia Bibi, cuja condenação foi anulada pelo Supremo Tribunal do Paquistão em 2018.
A cristã Asia Bibi, atualmente vive no Canadá com sua família após ganhar liberdade no ano passado.
Segundo o irmão de Shafqat, Joseph, o acusado foi torturado para fazer uma confissão falsa. “Ele me disse que o policial o golpeou com tanta força que sua perna estava quebrada”, explicou o irmão à BBC.
Joseph acrescentou que a falsa condenação afetou brutalmente os quatro filhos do casal, que simplesmente desejam ver seus pais novamente. “O tempo todo eles choram … estão sentindo falta deles”, disse ele.
No ano passado, a Anistia Internacional classificou as leis de blasfêmia do Paquistão, como “excessivamente amplas e coercitivas” e observou que elas são usadas para atingir minorias religiosas, perseguir vinganças pessoais e praticar violência vigilante.